sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Irmãos ou zoológico?

Pelas minhas andanças pelo mundo, fiquei chocado ao perceber quão diferentes somos. Árabes não tem nada a ver com dinamarqueses. Japoneses nada a ver com americanos...nem com tailandeses que estão mais perto e também tem olhos puxados. Alemães nem de perto com brasileiros. E indianos então? nada a ver com nada.

Alguém consegue ver alguma semelhança entre o humor americano (“oh my God, that’s super awesome!”) com o humor italiano? E que tal semelhanças entre dança e expressão corporal de um alemão e um colombiano? E a pressão asfixiante de um japonês com pavor da vergonha coletiva versus o individualismo relaxado de um latino americano. Nem entre os latinos somos parecidos: não tem nada a ver o “joder macho que te pasa a ti” espanhol com “deixa a vida me levar” brasileira que permite uma favela ao lado de uma mansão no Morumbi.

Somos muito, mas MUITO diferentes. Quase não parecemos a mesma raça.... mais bem parecemos um zoológico!

Mas o capítulo das diferenças merecerá um blog futuro...

Uma vez, há muito tempo, escutei que quando pessoas ou grupos independentes chegam a uma mesma conclusão, essa conclusão tem maior probabilidade de ser verdade. Algo de verdade existe nessa frase.

Assim, apesar do mosaico que é o planeta, comecei a perceber quais são os comportamentos comuns entre povos tão distintos. E surpreendentemente encontrei muitos. Tais semelhanças me fizeram pensar que se existem pontos tão similares mesmo vindos de grupos culturalmente tão distintos, provavelmente esses padrões de comportamento reflitam verdades mais absolutas sobre o ser humano.

Concluí que quando existem padrões de comportamentos semelhantes independentemente da cultura, geografia e até tempo, talvez estejamos diante de uma janela para entendermos nossas ordens mais profundas e a programação do nosso DNA comportamental.

Abaixo, vou listar alguns deles (novamente: alguns merecerão blogs futuros...):

- “Produção” feminina: No Japão, Gueixas. Na Índia, o sári. No oeste, maquiagem, depilação, salão, etc... No Oriente Médio, maquiagem por debaixo de burcas e mesmo burcas estilizadas da Gucci. Independentemente do povo, cultura ou tempo, o sexo feminino está sempre intimamente ligado à sedução, às cores e à produção. Mesmo se voltamos no tempo, às sociedades indígenas ou medievais, esse padrão de comportamento foi sempre marcante. Um dos casos mais chocantes é o sociedade árabe, que mesmo com sua forte característica de “mutilar” e esconder a beleza feminina, as mulheres encontram uma maneira ainda que velada de responder a sua programação.

-Bairrismo”: Paulistas vs. Cariocas. Corintianos vs. Palmeirenses. Brasileiros vs. Argentinos. Catalães vs. Madrilenhos, Americanos vs. Canadenses. Indianos vs. Paquistaneses. Japoneses vs. Chineses. Sul Coreanos vs. Norte Coreanos. A lista é infinita, mas o padrão de comportamento é o mesmo. Novamente, em todas as culturas e em todas as épocas, o ser humano precisa se sentir parte de um grupo, de uma comunidade, a qual defende. Mas isso não basta, para completar sua programação também precisa sentir que existe um grupo para se incompatibilizar e atacar. Hum, interessante...

- Acreditar em “algo maior”: outro exemplo atemporal e “acultural”. Deus, Nirvana, Allah, Cristo, Buda, Mohammed. Não preciso ir muito além para entendermos que temos uma profunda necessidade em acreditar em algo maior (apesar de não existirem provas). Mas de novo, não é só isso, tendemos a acreditar que o “nosso” caminho é o único correto, e que todos os demais estão errados, sem pararmos para pensar que “nosso” caminho não foi escolhido por nós mas é o mero acaso da geografia de onde nascemos.

- Semelhantes em competição: Olimpíadas, copa do mundo, Formula 1, ... em todos os tempos e culturas, paramos para ver nossos semelhantes competindo.

- Líder e liderados: apesar de um belo conceito, a anarquia ficou só no papel. Em todos os tempos e culturas, vivemos em uma sociedade de líderes e liderados.

- “Continuidade e preservação: apesar de tudo jogar contra (bombas atômicas , armas biológicas, ódio, caos, etc...) temos uma mágica capacidade de pararmos tudo, retroalimentar-nos e priorizarmos a continuidade.

- O homem caça e sente calor a mulher cuida e sente frio: confesso que essa é mais polêmica e não esta no mesmo nível das demais, mas mesmo com todas as diferenças culturais o homem é mais seqüencial, monotemático e sente mais calor (disigned para a caça), enquanto a mulher é multidimensional, tudo ao mesmo agora, angulo de visão mais amplo e sente mais frio (designed para cuidar). E isso é do afegão ao sueco.

Como a lista é muito longa, de momento damos uma pausa por aqui. Retomarei no futuro.

Por hora, é reconfortante perceber que apesar do zoológico, sim que temos algo de irmãos...

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