sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Filme: Hable con Ella (2002)

Filme: Hable con Ella (2002)

Diretor: Pedro Almodóvar

Umamis: 8

Existem filmes que são “filmes-pinturas”.

“Filmes-pinturas” são quadros e não histórias. São filmes que gostamos muito, mas não sabemos bem porque. Agrada, mas não por motivos lógicos ou racionais, e sim por algo mais intangível, mais artístico, menos óbvio (e "facinho facinho" de errar na mão). Chega até a dar um pouco de náusea. Utiliza tintas complexas como música, lágrimas, tomadas, cores, olhares, sofrimento, silêncio. Tem uma batida lenta, mas com pulso firme e marcado.

“Hable con Ella” é um filme-pintura. Não é um “Frida” (na minha opinião o maior expoente da categoria filme-pintura. Genial!) mas é definitivamente um excelente filme-pintura.

As pinceladas de “Hable con Ella” misturam lágrimas, amizade, solidão, tragédia, cinema-mudo, homossexualismo, teatro...

...e de certa maneira presenteia a música brasileira. O que é aquela cena do Caetano cantando Cururrucucú em versão acústica?...

(O video esta no final. Vale a pena dar uma paradinha de 3 minutos no meio do furacão do seu dia, clickar no link acima, e deixar essas imagens te levarem para algum lugar distante...)

Como é belo ver força e feminilidade combinadas na mesma mulher!

Que inspirador e provocante é personagem Marco Zuluaga, um homem que vive fora dos padrões, viaja pelo mundo escrevendo guias alternativas, deixa escorrer lágrimas ao ouvir a música de Caetano, sensibiliza-se no Teatro-musical e permite espaço para uma amizade nada convencional, porém mais verdadeira e descomprometida do que a maioria das amizades que presenciamos ao nosso redor. (surpresa boa, um filme de Almodóvar com um personagem masculino, com a excepcional atuação de Dario Grandinetti, como destaque do elenco.)

Já havia assistido há 6 anos atrás, e foi como assistir pela primeira vez; não perdeu nada de intensidade. É muito bom ver Pedro Almodóvar, ainda no seu melhor momento. Eu gosto bastante dos filmes dele, mas acredito que com o passar do tempo, “se le fue un poco la pelota”. As vezes, o artista ganha fama, exagera no excêntrico e perde a genialidade do início. Acho que isso aconteceu um pouco com ele apesar de um retorno agradável às origens em “Los Abrazos Rotos”.

Enfim, “Hable con Ella” é um caleidoscópio de sensações.

PS1: Vamos ver se re-assisto Frida um dia desses e coloco um review.

PS2: Ontem assisti “Celda 211”. É um “Carandiru” espanhol. Não vale um review dedicado, mas é um filme bastante bom.



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