Kamtchaka (2002)
Direção: Marcelo Piñeyro
Umamis: 8
Talvez, o que menos importe em Kamtchaka é a história (ainda que também muito sólida). Kamtchaka é um filme de sensações, de olhares de toques e de silêncios...
Primeiro, como contexto, Kamtchaka é uma península na parte mais à leste da Rússia. O filme conta a história de uma família perseguida durante a ditadura militar nos anos 70.
Com Ricardo Darín (o mesmo do excepcional “El Secreto de sus Ojos” e de “Nueve Reinas”), Kamtchaka é um filme simples e sensível, que me tocou principalmente por pintar também os valores de família independentemente das condições externas e adversas.
O filme ressalta a importância da personalidade dos indivíduos que formam uma família, composta de membros fortes, questionadores e altruístas. Como reagir e que responder quando os filhos fazem perguntas difíceis; como não perder nenhuma oportunidade para passar valores e carinho; como compreender as atitudes de cada um mesmo que distintas do que se esperava ou se gostaria.
O segredo de Kamtchaka está nos detalhes. Nos apelidos que se chamam entre eles. Em como a mãe acaricia o filho pressionando dedo dela pela sua sobrancelha. Como os dedos se tocam quando estão deitados na cama juntos. Os sorrisos “marotos” que brotam espontaneamente (e que carregam o espectador junto) ao observar as novas descobertas dos filhos através de uma janela.
As tomadas de câmera são um espetáculo a parte (as aproximações, os angulo e as perspectivas). A atuação dos dois pequenos não é nada menor. Por último, é um daqueles filmes que vale a pena ficar estático olhando as letrinhas subirem no final e escutando a musica forte (a la Frida) de encerramento.
Uma delícia! Muito Umami.
Cada vez me encanto mais e mais com o cinema Argentino. Corre-se o risco de que se possa dizer que os brasileiros fazem a melhor música do mundo e que ironicamente, nossos vizinhos argentinos, os filmes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário